A endometriose atinge cerca de 10% das mulheres no mundo na fase reprodutiva, e por vezes pode ter um difícil diagnóstico. As causas da doença ainda não são completamente conhecidas, mas acredita-se que ela tenha ligação com o sistema imunológico e que seja induzida geneticamente. É caracterizada pela presença de tecido endometrial (aquele que é eliminado mensalmente na menstruação) na parte de fora do útero, em locais como a tuba uterina, ovários e mesmo nos intestinos e na bexiga. Quando este tecido inflama ou sangra pode provocar dores fortes, que comprometem a qualidade de vida da mulher, tanto no período menstrual quanto fora dele.
Quais são os sintomas e como é feito o diagnóstico?
Os sintomas principais da endometriose estão relacionados à dor pélvica e infertilidade.
Como esses sintomas podem também estar presentes em outras condições, nem sempre o diagnóstico é simples. De modo geral, essa condição é diagnosticada após os 20 anos deidade, mas a doença pode estar presente antes deste período, e deve ser pesquisada sempre que existir relato de cólica intensa e persistente. Além da forte cólica, que pode impossibilitar a mulher de realizar as atividades cotidianas, outros sintomas de endometriose podem ocorrer, tais como: sangramento intestinal e urinário durante a menstruação; dor intensa em relações sexuais; dor na pelve e abdome que inicia de uma a duas semanas antes da menstruação; infertilidade ou dificuldade para engravidar.
A suspeita clínica e o diagnóstico da endometriose geralmente envolve a história clínica da paciente e exame físico, abordando seus sintomas e história pessoal e familiar. Entretanto, a apresentação clínica da doença varia consideravelmente, fato que dificulta o seu diagnóstico.
O diagnóstico de suspeição da endometriose pode ser fortemente sugerido pela ultrassonografia transvaginal e pela ressonância magnética em casos de endometrioma ou endometriose profunda. No entanto, esses exames de imagem não possuem a sensibilidade e a especificidade necessárias quando se trata de endometriose peritoneal superficial. Pelo exame de sangue, o biomarcador sérico mais utilizado na investigação da endometriose é oCA-125, que não apresenta sensibilidade (70%-75%) suficiente para sua indicação na prática clínica. Portanto, apesar de seu risco e alto custo, a videolaparoscopia e a análise anatomopatológica subsequente ainda se apresentam como o procedimento para o diagnóstico definitivo de endometriose, e podem ser indicados em alguns casos.
Quais são os tratamentos disponíveis?
A endometriose não tem cura. É uma condição crônica que evolui durante o período da vida da mulher na qual existe estímulo dos hormônios sexuais, e tende a melhorar após a menopausa, devido ao declínio na produção desses hormônios e redução do estimulo sobre as células do endométrio. Dependendo da gravidade dos sintomas, do desejo de fertilidade, da extensão e localização da doença, existem diferentes tipos de tratamento clínico e cirúrgico.
Naquelas que não desejam engravidar, o tratamento pode ser realizado com o bloqueio da menstruação em mulheres com idade fértil, através do uso de medicamentos hormonais, como o anticoncepcional junto ao uso de analgésicos para alívio da dor. É importante o acompanhamento multidisciplinar, que envolve nutricionista para o controle da dieta, psicológico para o manejo da dor, educador físico para a prática de atividades físicas e até mesmo o fisioterapeuta para indicar exercícios que ajudem com a dor.
O tratamento cirúrgico é indicado quando não há sucesso na abordagem clínica, nos casos de doença extensa ou comprometimento funcional de algum órgão pela endometriose, como o intestino ou a bexiga, ou ainda na abordagem de alguns casos de infertilidade. O procedimento é de alta complexidade e deve ser sempre realizado por equipe especializada.
Fontes
